COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL: O PODER DE UMA MENSAGEM SILENCIOSA.

A comunicação não verbal refere-se a todas as formas de transmitir mensagens sem o uso de palavras. Além do tom de voz, ela engloba expressões faciais, gestos, postura corporal, proximidade física e até o silêncio. De acordo com Albert Mehrabian, professor da Universidade da Califórnia, 93% da comunicação é não verbal, sendo 55 % expressões faciais e linguagem corporal, e 38% o tom de voz. 

Portanto, entender a comunicação não verbal permite interpretar corretamente as intenções, emoções e reações em interações pessoais e profissionais. Dessa forma, ela se torna um componente essencial para a construção de relacionamentos sólidos e assertivos.

Antes da palavra existir, o corpo já se comunicava. Antes de aprendermos a escrever ou discursar, já sabíamos sentir. E todo sentimento que não sai pela boca, escapa pelos gestos. Se você já entrou em um ambiente e sentiu um “clima estranho”, ou olhou para alguém e percebeu que “tinha algo errado”, você já teve um encontro com a linguagem silenciosa. Porque, no fim das contas, o corpo fala — o tempo todo.

O mundo está cada vez mais barulhento e todos querem dizer algo. Assim, os sinais silenciosos que emitimos com o corpo seguem influenciando profundamente nossas relações, decisões e emoções. E o mais curioso? Pouca gente está realmente ouvindo.

O silêncio, em muitas situações, é a forma mais eloquente de comunicação. Ele pode ser tanto uma resposta quanto uma pergunta, uma aceitação ou uma negação. Em um mundo onde o barulho e as palavras parecem estar por toda parte, o silêncio pode criar um espaço para a introspecção, para a presença e para a verdadeira escuta.
No silêncio compartilhado entre duas pessoas, existe uma troca profunda de sentimentos e uma sintonia que muitas vezes as palavras podem perturbar. Um exemplo disso é o luto. Quando uma pessoa está de luto, o silêncio ao lado de quem a acompanha pode ser mais reconfortante do que qualquer tentativa de consolo verbal. Nessas horas, o simples ato de estar presente, em silêncio, é uma forma de comunicação que oferece apoio, respeito e compreensão.

Afinal, como já dizia Alejandro Jodorowsky: "Certifique-se de que suas palavras sejam tão bonitas quanto seus silêncios"

Em um mundo repleto de ruídos, sejam eles de conversas, mensagens e informações constantes, o silêncio muitas vezes é visto como um vetor de fraqueza ou desinteresse. No entanto, ele pode ser uma poderosa ferramenta de comunicação e um recurso valioso em diversas situações.

O silêncio não é apenas a ausência de palavras; ele também é uma forma de expressar sentimentos e pensamentos. Muitas vezes, o que não é dito pode ter um impacto mais profundo do que as palavras. Quando alguém opta pelo silêncio, isso pode transmitir emoções complexas, como raiva, dor, desapontamento ou até mesmo contentamento. Além disso, em debates acalorados, um simples momento de silêncio pode permitir que ambos os lados reflitam sobre o que foi dito e como responder de maneira mais ponderada.

Em várias culturas, o silêncio é considerado uma estratégia de poder. Por exemplo, em negociações, optar por não responder imediatamente a uma proposta pode criar uma expectativa e uma tensão que favorecem a posição de quem silencia. Nesse sentido, o silêncio é uma ferramenta que pode ser utilizada tanto para defesa quanto para ataque, dependendo do contexto.

Quando estamos diante de conflitos, a tendência é querer ir para a defensiva e responder imediatamente. Entretanto, o silêncio pode servir como um aliado poderoso nesse momento. Quando você se permite um tempo sem falar, oferece a si mesmo a oportunidade de processar as emoções e avaliar a situação de forma mais objetiva. Isso pode resultar em uma resposta mais calma e racional, evitando que a situação se agrave.

Vivemos em um mundo que valoriza muito o que é dito, mas talvez esteja na hora de dar mais atenção ao que é sentido. Ao que é sutil. Ao que o corpo fala quando a mente se cala.

Em resumo, a comunicação não verbal, a linguagem silenciosa está em tudo: no olhar que sustenta, na mão que acolhe, no suspiro contido, no gesto espontâneo, no toque que conforta, na presença que não julga. Ela é uma arte — e como toda arte, exige sensibilidade para ser compreendida.
Como já dizia Marília Mendonça: "Não receber mensagem, também é mensagem"